quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Reze, e enquanto isso, mexa-se!

O filme "An Inconvenient Truth" - Uma verdade inconveniente - é o renascimento da fênix de Albert Arnold Gore Jr., Al Gore, o candidato derrotado por George W. Bush em 2001.

Segundo à mídia, muitas verdades, algumas incorreções e exageros também (cientistas discutem as afirmações do ex-senador); mas, algo fundamental e de grande importância, principalmente para o povo americano, foi Gore, um americano, assumir publicamente o descaso da política de seu país com o meio ambiente.

Disse: "Somos os maiores poluidores". De fato são!

Isto não tem preço! como diz a propaganda do cartão de crédito. Americanos do Norte não admitem erros. Julgam-se superiores e detentores de títulos mundiais. Num campeonato local, Indianápolis SpeedWay (década de 50) o título era de campeão mundial para o vencedor. Pasmem! Só corriam americanos.

Os EUA são excelentes em marketing político e pirotecnia. O filme produzido por Lawrence Bender, produtor de Quentin Tarantino (Kill Bill) e dirigido por Davis Guggenheim, ganhou o Oscar de melhor documentário.
Belas imagens de geleiras derretendo, corte para o sofrimento paterno, para o amor filial e gráficos assustadores.

A mensagem sobre o tabagismo merece elogios, assim como a explosão atômica de Hiroshima nos remete a lembrar que rezar é sempre bom.

Subliminarmente, está gravado em flashes rápidos (só para americanos) a mensagem da COMPETIÇÃO: "Atenção! nós estamos perdendo". E perder não é próprio de quakers, mórmons, judeus e luteranos, base da cultura americana formada nos primórdios da colonização.

Perder significa ERRAR!

Gore, o bom moço americano, é ecologista de carteirinha. Está rico. Viaja mundo afora em palestras (centenas anualmente), fundo de investimentos "verde", projetos sustentáveis, e não nos esqueçamos do consórcio Apple versus Google, do qual é membro, através de seu amigo Steve Jobs. O notebook usado na palestra-filme tinha o logo da maçã.

O mundo vai acabar? Sim e Não. Todos sabemos o quê fazer para evitar isso. E estamos adiantados nessa política. A ignorância da direita religiosa que domina a América, através de seu porta-voz Bush, ajudou muito a piorar as condições climáticas do planeta. Se tivessem assinado o Protocolo de Kioto?

O próximo presidente dos EUA é Al Gore, que nunca foi testado num cargo executivo, e terá que lidar com terrorismo, guerras, inflação, política externa.

Será melhor que Bush? O mundo tem certeza de que sim. Mas também tenho certeza de que americanos não ficarão menos competitivos, menos imperialistas e líderes menores no mundo. A expressão "olhar somente para o seu próprio umbigo" cabe muito bem aos nossos irmãos.

O provérbio africano que diz: "Reze, mas mexa os pés" será seguido à risca por Gore. Aliás, o grupo Yes (década 70) cantava em "Move Yourself".

Rezar é sempre bom; agora o movimento dos pés pode ser de uma dança ou uma marcha militar. Torçamos para que a expressão "mexa-se" não seja trocada por "CORRA".

Aloysio Clemente M I de J Breves Beiler
Publicado em Rio, 5 de julho de 2007.
História do Café no Brasil Imperial - brevescafe.net



Nenhum comentário:

Postar um comentário