quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Como você está se sentindo? O óbvio "ululante" do homem-repórter.

Acidentes graves, vítimas fatais, desabamentos e outras tragédias, são sempre acompanhadas pelo digníssimo repórter. Nesses tempos de mídia voraz, em que a notícia está “online e ontime”, esse profissional corre atrás do melhor posicionamento, da melhor foto, do melhor depoimento, daqueles que participam direta ou indiretamente do evento funesto.

A primeira pergunta é sempre devastadora:

- Como você está se sentindo? Quais são seus sentimentos em relação ao fato?
Ou ainda: O quê você pode nos dizer? Só faltava perguntar se estava doendo muito.

A vítima quase sempre em estado de choque, ou emocionada ao extremo, sem poder falar, gesticular ou se mover, esboça uma resposta rápida para se livrar de mais um tormento.

Agora, pergunto? Em qual instituição de ensino - comunicação, jornalismo, etc. – estudaram essas pessoas?

Não é possível que não editem ou se interessem por ver o resultado final da matéria. São perguntas mal feitas, mal elaboradas, de uma bizarrice sem fim.

Como a vítima pode responder se está em estado lastimável.

Eu, se pudesse falar, responderia da seguinte forma:

- “Cara! Quebrei um braço, duas costelas, estou todo arranhado, sangrando muito. Portanto, NÃO ESTOU BEM! Óbvio ULULANTE! Com licença, me deixe em paz. Quero desfrutar dessas dorzinhas “pequenas” que me dão muito prazer”.

Parafraseando o mestre Nelson Rodrigues. De tão óbvio que chega a ULULAR. Verbo estranho esse ULULAR, nem sei se existe, mas é deveras apropriado para a estultície da reportagem.

Vão dizer que estou sendo grosseiro e mal humorado. Não! Ora! Meus caros repórteres. Façam uma revisão de sua pauta, do texto que vão dizer. Não é intolerância ou tolerância ZERO.

Outro momento interessante. A explosão de um gol suado, o atacante, chora, berra, comemora, se joga no chão, enfim, desmaia de satisfação e prazer.

Pergunta o repórter-de-campo e responde com ironia o jogador:

GGVILSON, como você está se sentindo? Resposta: Mal, muito mal! Detesto fazer gols.

GGVILSON, esse gol representa o bom resultado da sua vinda para o clube? Não, representa um mau resultado para esse clube que me odeia.

Poderia ser de outra forma: Comentando: “A alegria e felicidade do atleta é evidente meus caros ouvintes. Vamos perguntar: O gol é dedicado a quem?”
Palmas para o repórter. Sem graça a pergunta e o comentário?. Preferem as obviedades?
Evidentemente são mais irônicas e patéticas.

Não basta criticar. Afinal, são profissionais, que às vezes acertam.

No tempo do Piquet (pai), na Fórmula 1, sua azedice irritava inúmeros jornalistas. Ganhou o troféu limão merecidamente por vários anos.
Mas o tricampeão tinha razão. As perguntas eram deploráveis. A resposta dada aos incautos jornalista, geralmente era curta e grossa.

Rio de Janeiro, 09 de dezembro de 2009.
Aloysio Clemente M I de J Breves Beiler
História do Café no Brasil Imperial - brevescafe.net

Um comentário:

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    Muito obrigado!

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